Luis Augusto Medeiros Rutledge
As metas estabelecidas pela nova Comissão da União Europeia, liderada pela presidente alemã Ursula von der Leyen, são recuperar o crescimento econômico, impulsionar a descarbonização e aumentar a competitividade junto ao comércio internacional. No campo da transição energética, a União Europeia depende de acordos de cooperação com países emergentes que se destaquem na geração de energia limpa. Para este fim, a União Europeia intensifica seus esforços em acordos comerciais com o Brasil e sua agenda climática.
No mundo cada vez mais multipolar, a política climática e o comércio internacional estão cada vez mais interligados nos últimos anos. Neste contexto, a União Europeia adotou recentemente uma estratégia de redução de riscos com o objetivo de garantir o seu aprovisionamento em setores-chave como a energia. Isso deve ser alcançado com acordos bilaterais com países que possuem matrizes energéticas renováveis e alta capacidade no desenvolvimento tecnológico para geração de energia limpa.
A União Europeia depende de parceiros para implementar a sua agenda ambiental e quer aumentar seu compromisso sobretudo com países emergentes como o Brasil, que desempenham um papel fundamental na transição energética e possuem matérias-primas importantes para tecnologias verdes.
No campo geopolítico, a estratégia de parceria da União Europeia enfrenta desafios no Brasil e em outros países do Sul Global, que estão intimamente ligados à acordos comerciais com a China. Enquanto a China continua a expandir seu envolvimento no Brasil e em outros países parceiros do bloco europeu, a União Europeia está perdendo influência constantemente. Isso é resultado de seus esforços inadequados e indecisos para moldar estrategicamente as parcerias e adaptá-las às mudanças nas realidades geopolíticas.
A China, por exemplo, domina grande parte das cadeias de produção e fornecimento de painéis solares e veículos elétricos. Esta posição desfavorável quanto aos chineses, provoca apreensão na União Europeia. O bloco europeu não quer uma dependência excessiva das importações em relação à China similar ao gás natural russo.
Isto faz sentido no que diz respeito aos riscos para a segurança do aprovisionamento, às perturbações nas cadeias de abastecimento mundiais e a possíveis tensões geopolíticas, como os conflitos comerciais. A indústria europeia está em crise, a competitividade está ameaçada. A fim de não ficar ainda mais para trás na competição pela liderança tecnológica, pela quota de mercado das tecnologias ecológicas e pelo acesso a matérias-primas essenciais, a União Europeia está aumentando seus esforços para diversificar as suas cadeias de abastecimento e, ao mesmo tempo, avançar com a descarbonização.
Países-membros do BRICS, a aproximação política entre a China e o Brasil aumentou com a intensificação das relações comerciais. A União Europeia continua a ser o maior investidor estrangeiro em muitos setores da economia brasileira e o segundo parceiro comercial mais importante do Brasil. No entanto, o comércio entre Brasil e China e o investimento chinês no Brasil aumentaram nos últimos anos.
Segundo o Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança Stiftung Wissenschaft und Politik, a China responde por 28% do comércio total do Brasil e 31% das exportações, incluindo 73% de toda a soja exportada. O Brasil exporta principalmente matérias-primas não processadas e produtos agrícolas, como soja e produtos minerais, para a China e importa principalmente produtos finais, como veículos elétricos.
Atualmente, o Brasil representa o mercado de exportação mais importante para os veículos elétricos chineses. Ao longo de 2023, o valor das exportações chinesas de veículos elétricos para o Brasil aumentou dezoito vezes. Os veículos elétricos chineses representaram 92% do total das importações de veículos elétricos do Brasil durante esse período.
Para construir acordos e não dependências externas, no início de 2022, a Comissão Europeia anunciou o plano REPowerEU, uma resposta às incertezas do gás natural e estabeleceu ações para reduzir rapidamente a dependência dos combustíveis fósseis e acelerar a transição energética. Além de evitar a dependência externa, russa e chinesa, agora existe o compromisso renovado com a ação climática.
Pesquisas estão em andamento para que uma grande parte da demanda atual de gás natural, especialmente no setor industrial, seja substituída por hidrogênio e biometano no futuro próximo. As redes de gás de nível superior existentes podem servir como infraestrutura. Grande parte das redes intermediárias podem ser economizadas no longo prazo substituindo os sistemas de aquecimento e reduzindo os custos da infraestrutura de gás.
O Brasil representa um parceiro comercial e de investimento essencial para a União Europeia nesta transição para a energias limpas. É um dos principais intervenientes na inovação das energias limpas, representando quase 7 % da produção de energia renovável do planeta. Além disso, agora busca expandir suas capacidades de inovação para novas áreas tecnológicas, como hidrogênio e outras soluções de baixa emissão. É importante ressaltar que a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil. E, o maior investidor estrangeiro em muitos setores da economia brasileira, incluindo tecnologias limpas.

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