Compreende-se que o Brasil, sob reflexos dos processos da Globalização, mesmo referenciado no globo como com condição de prosperidade socioeconômica, dispõe de necessidades relacionadas à qualificação de seus recursos humanos, no que concerne às demandas econômicas requisitadas, demandadas à população. É compreensível que indivíduos educados auferem posições de emprego eficazes, dignas no campo financeiro. Todavia, num cenário de escassez, a não adequação do ramo educacional público dá vazão para que economias procurem readequação, com aplicação de ofícios paralelos e com consonância à baixa qualificação, como o próprio ideário da “uberização” do meio.
Ademais, vê-se que ascensões hodiernas das famigeradas Ed Techs, STARTUPS com modelos de negócio direcionados para a viabilização das mudanças educacionais, proporcionam novas percepções sobre o cenário discorrido. Essas, com idealização e projeção de uma década para cá, oferecem à recém formados do ensino básico, advindos da rede pública de ensino (em sua grande maioria), a possibilidade de ingressarem em formações para qualificação profissional e o aprimoramento das conhecidas “softs skills” demandadas pelos empregadores do período, isso com suas promessas de carreira e/ou primeiro emprego após concluírem o programa, adequado às suas condições geracionais.
Essa persona adere com rapidez aos programas oferecidos, pois é visível que em número e qualidade, mesmo pois há uma percepção geral de que o Estado carece de alguma formação ao mínimo qualificada para que esses recém formados disponham de um pleno exercício da cidadania rumo à inserção no mercado, produzindo, em correlação à população que já exerce seu papel o com indispensável dignidade… Logo, essas novas corporações não dispõem de dificuldades para que consigam novos alunos (a), que serão consumidores das promessas profissionais. Com poucas divulgações, o público se vê quase “comprado” pela possibilidade de mudança de vivências com novas experiências…
É inegável que esses novos programas não são classificados como consequências das ideações para o impacto social sem nenhum fim de lucro empreendido, considerando que, diversos deles decorrem de finanças arrojadas, apoiadas pelas famigeradas figuras dos nomeados anjos mais consolidados no nicho e sob planos ideários de aquisição de consumidores. Isso na consideração de que os alunos vinculados em suas formações são alvos de uma abordagem econômica denominada de “contratos de capital humano”, ou “Income share agreements” (Em sigla, ISA), proliferando arcabouço financeiro prévio na educação do público para que consiga cada vez mais das empresas que os empregarão.
No Brasil, essa ideação ainda não possui uma legislação, mesmo que com rápidas procuras pelo Google ou pelas campanhas geracionais nas mídias sociais, se visualize Ed Techs e Fin Techs correlacionadas à ela desde 2019. Porém, demanda-se que haja a compreensão do porquê se vê lucros nesse idealizado modelo de “contratos de capital humano”, “Income share agreements” (Em sigla, ISA) dessas formações para qualificação profissional (Com hards, acopladas à programas imersivos para que sejam aprimoradas suas softs skills) no Estado Brasileiro e não nos Estados Unidos da América, local em que essa ideia foi originada, logo dada como “esquecida” embora aplicada nas universidades.
Compreende-se que há sim resquícios das consequências originadas pelo cenário pandêmico para ampliação maciça do público alvo das Ed Techs, com percepções de que houve influências na ascensão do mercado educacional online, que propiciou impulso do nicho com alcances exponenciais. Porém, nisso percebe-se disseminação de consciência dos índices acrescidos do desemprego e do processo de “uberização”. E mesmo que esse programa ofereça opções aquém da Educação Básica, é demandado que os reguladores possuam ciência dos seus riscos e desafios envolvidos na sua aplicação. Ausências de legislação e imprevisibilidade das condições mercadológicas são problemas percebidos.
Mesmo que esse modelo procure o “alívio” da carga financeira, das mensalidades no decurso das formações, possui probabilidade de impulso de dívidas elevadas no pós… Isso se os valores forem acrescidos ou o período para conclusão seja mais longo. E vê-se que caso esses alunos (a) não disponham da renda mínima acordada ou mesmo se o país e o mercado não ofereça condições de empregabilidade com salários adequados, assim há possibilidades de cenários mais complexos do que o imaginado ou vivenciado a priori. Nesse viés, “promessas” são colocadas à prova quando a ocasião envolve avaliação dos benefícios e/ou lacunas nessa nova modelagem, que não são visíveis pré vinculações (...)
Inclusive, enxerga-se riscos para as próprias corporações que aderem ao programa, as que oferecem formações e aquelas que empregarão os pseudo “funcionários” dados no pós programa, isso caso esse modelo seja mal confeccionado. Caso o aluno (a) não vá ao ramo ou nível de emprego aguardado para o alcance da renda visibilizada, essas figuras serão prejudicadas pois não receberam finanças confabuladas. E inclusive, o que abre as brechas para inclusão de juros excessivos, penalidades financeiras colocadas pela não regulação desse modelo com normas e leis específicas. Transparência é um problema de base nessas relações educacionais exibidas, algo que coloca à prova essa configuração.
Inclusive, a vinculação ao modelo econômico dispõe de complexidade e mesmo de difícil compreensão desses alunos (a), com especificidade para aqueles sem experiências no campo das finanças e/ou no meio educacional hodierno. Logo, há ausência de clareza no acordado, sobre o dinheiro colocado depois das formações, o que ocasiona em surpresas dadas como inimagináveis e desagradáveis, acompanhada dos juros, valores compilados não vislumbrados. Enfim, vislumbra-se um mercado nebuloso para ambos os lados - dado como solução heróica à defasagem educacional do país - mas que dispõe da ausência de “proximidade” com os vulnerabilizados envolvidos, a priori dados como os favorecidos (...).

FONTES CONSULTADAS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS =
BAIR, S.; COOPER, P. The Future of Income-Share Agreements. Nova York: Manhattan Institute. 2019 – Produção Online Aqui: <https://www.manhattan-institute.org/future-income -share-agreements-to-finance-higher-education>. Acesso em: 03 dez. 2024.
BARALDI, A. O que é Income Share Agreement (ISA)? Medium, 22 Jan. 2020. – Produção Online Aqui: <https://medium.com/@avbaraldi/o-que-%C3%A9-income-share-agreement- isa-1539 eb015267>. Acesso em: 03 dez. 2024.
CUNHA, F. HECKMAN, J. J. A Evidência sobre Formação de Capital Humano ao Longo da vida. rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2008.
SABOIA, J. (Ed.). Tendências da qualificação da Força de Trabalho: Projeto PIB : perspectivas do Investimento no Brasil: estudo Transversal. Rio de Janeiro: Instituto de Economia da UFRJ; Instituto de Economia da UNICAMP, 2009.
VELOSO, F. FERREIRA, P. C.; PESSOA, S. Experiências Comparadas de Crescimento Econômico no pós-guerra. In: VELOSO, F. et al. (Ed.). Desenvolvimento Econômico - Uma Perspectiva Brasileira Rio de Janeiro: Campus/ Elsevier, 2013. cap. 1, p. 3-38.
VELOSO, F. et al. (Ed). Educação Básica no Brasil: Construindo o País
do Futuro; Rio de Janeiro: Editora Campus; Elsevier Ed. 2009.
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