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Irã e o eterno desejo de ocupar o palco central da geopolítica energética do Oriente Médio

Foto do escritor: CERESCERES

Luis Rutledge, Geopolítica Energética


O Oriente Médio contínua sendo o foco central da geopolítica energética global.  É uma terra inquieta de conflito, onde os interesses se cruzam e os objetivos se entrelaçam. A região abriga imensas reservas de petróleo e gás natural do mundo, tornando-se um campo de disputas estratégicas entre potências locais e globais. A luta energética no Oriente Médio não se resume apenas ao controle das reservas minerais, mas também à busca pela hegemonia regional e ao impacto das transições energéticas globais no futuro dos Estados produtores.


Quando o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fez referências elogiosas ao líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi apresentada a estratégia iraniana de combinar retórica religiosa e emocional com objetivos geopolíticos concretos. 


A atual estratégia iraniana, após a morte de Ebrahim Raisi, faz parte de um jogo maior de poder, no qual o Irã busca expandir sua esfera de influência através de uma rede de aliados e grupos paramilitares, incluindo os Houthis no Iêmen, milícias xiitas no Iraque e o próprio Hezbollah no Líbano e na Síria. Ao misturar retórica ideológica com realpolitik, Khamenei não apenas reforça seu domínio sobre essas facções, mas também posiciona o Irã como um ator indispensável na geopolítica do Oriente Médio.


O Irã entre ambições regionais e desafios internacionais: uma competição por recursos energéticos. Neste sentido, o Hezbollah, aos olhos de Khamenei não é somente um movimento de resistência, mas uma barreira aos movimentos de Donald Trump e o aumento da presença ocidental sobre a região. Hoje, no Oriente Médio se cruzam e misturam religião, política, economia e poder.


O atual conflito não é apenas sobre fronteiras ou etnias, mas é fundamentalmente uma disputa pela grande riqueza comprovada. Petróleo e gás, as fontes energéticas que formam a base da economia global, tornaram-se o centro das atenções, a arena de conflito e o meio pelo qual as grandes potências apertam seu controle sobre o Oriente Médio.


Petróleo e gás natural, continuam como fortes ferramentas geopolíticas das grandes potências e controlam o curso das alianças e confrontos. Nesse contexto, os interesses ocultos norte-americanos sobre os recursos do Oriente Médio diante do conflito infinito, se chocam com o desejo de árabes e persas em aumentar seu mercado exportador para níveis globais, especialmente o gás que o Irã busca exportar para o mercado europeu.


A economia do Irã possui há décadas a necessidade de se tornar um grande exportador de gás natural para a Europa, vendo-o como uma forma de fortalecer sua presença entre as nações e aumentar seu prestígio nos fóruns econômicos e políticos. 


A morte de Hassan Nasrallah foi apenas o começo de outras complicações que o Irã está enfrentando, encontrando-se em um confronto direto adicional com duas potências regionais a serem consideradas: Rússia e Turquia.


A Rússia, sempre foi um exportador de gás para a Europa e sua economia dependente de suas exportações. Vladimir Putin observa cada movimento do Irã no mercado europeu com um olhar cauteloso. No campo energético, a Rússia enxerga o Irã, apesar das sanções, como um adversário no mercado energético global. Portanto, a geopolítica russa trabalha para manter o Irã longe da Europa.


Outra pedra no sapato iraniano é a Turquia, país com aspirações em se tornar o grande corredor de gás para a Europa. A grande questão da ambição turca é seu interesse em fortalecer seus laços com o Iraque, usar seu território como uma ponte para o grande corredor de gás, apertando assim o laço contra o Irã.


Neste contexto geopolítico, o Irã se encontra em uma situação crítica, observando a iminente volta do diálogo entre as diplomacias de EUA e Rússia, após a volta de Trump, e pela ambiciosa Turquia, que busca obstruir seus projetos e expansões neste campo, que agora se tornou um campo de maior conflito.


Os desafios que o Irã enfrenta hoje não são riscos fáceis nem transitórios. O Irã se encontra imprensado entre problemas internos e relações internacionais complexas. Por um lado, o Irã está no limiar de uma escolha difícil, pois deve equilibrar a manutenção de seu relacionamento estratégico com a Rússia, que há muito é um aliado diante da pressão ocidental, com sua grande ambição de exportar gás para a Europa e atrair empresas internacionais.


No cenário mais amplo, a guerra na Ucrânia abalou o equilíbrio energético. A Europa se viu procurando alternativas fósseis e renováveis ao gás russo, do qual dependia quase inteiramente. O Irã se ressentiu de uma oportunidade que passou, uma vez que seus recursos de gás poderiam suprir a demanda energética europeu. Mas esse novo horizonte, de conflitos no Oriente Médio, está repleto de obstáculos.


As sanções ocidentais e as pressões econômicas dificultam enormemente a capacidade do Irã de aproveitar seu vasto potencial energético, especialmente no setor de gás natural. O país detém a segunda maior reserva de gás do mundo, atrás apenas da Rússia, mas enfrenta barreiras significativas para exportá-lo, principalmente para a Europa.


As sanções dos EUA e da União Europeia restringem os investimentos estrangeiros na infraestrutura energética do Irã, dificultando a modernização de sua indústria de gás e a construção de gasodutos de exportação. Empresas ocidentais que poderiam financiar projetos de transporte de gás evitam negócios com Teerã para não sofrer represálias.


As mudanças geopolíticas que estão ocorrendo na região afetam os recursos energéticos, mas, principalmente, atingem a reformulação do mapa político e de suas alianças regionais e internacionais. Depois que o conflito sírio eclodiu, o Irã emergiu como uma potência capaz de fortalecer sua influência, o que de imediato causou preocupação em alguns Estados árabes, que veem o Irã como um adversário que ameaça sua segurança nacional e futuro político.


O atual cenário internacional não comporta apenas grandes as potências econômicas e militares, mas assumiu uma dimensão mais profunda e perigosa. Os Estados Unidos e a Rússia, e a Europa por trás deles, estão cada um perseguindo à sua maneira seus próprios interesses econômicos e políticos nesta região. A energia continua exercendo seu papel de ferramenta nas mãos das grandes potências para alcançar controle político, prestígio econômico, ou seja, poder. 


No campo geopolítico, o Irã pode encontrar oportunidades em países que não seguem rigidamente as sanções ocidentais, como os Emirados Árabes Unidos, Paquistão e Iraque, fortalecendo sua rede de exportação regional. Um projeto de gasoduto para o Paquistão, que já foi discutido no passado, poderia ser retomado para garantir uma saída para o gás iraniano.


Se o Irã conseguir desenvolver sua infraestrutura de gás natural liquefeito (GNL), terá mais facilidade para fechar acordos comerciais sem depender de rotas de gasodutos controlados por países não simpáticos ao seu governo. No entanto, isso exigiria grandes investimentos e transferência de tecnologia, algo extremamente complicado sob sanções.

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