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Inteligência Artificial, um novo poder entre as nações.

Atualizado: 26 de set. de 2023

Embora os primeiros aparelhos autômatos existem desde a Grécia Clássica tais como os descritos por Herón de Alexandria no século III A.C, o sonho humano de gerar elementos artificiais capazes de substituir a ação do homem e facilitar assim a automatização da produção somente se se transformou em uma realidade após os avanços da Revolução Industrial.


Certo é que a mimetização da ação humana e sua reprodução através de um meio computacional foi um divisor de águas na história, produzindo mudanças nos padrões produtivos, laborais, consumo e interações sociais, porém este somente foi possível após o avanço da tecnologia e do incremento do conhecimento que o próprio ser humano possui de si mesmo graças ao avanço de outras disciplinas tais como a biologia, neurologia, psicologia, sociologia, etc.... Ainda Assim a ideia de uma máquina autônoma capaz de reproduzir as funções cognitivas do cérebro humano e seus processos de assimilação e aprendizagem, ainda é um objeto de pesquisa que tem avançado muito nas últimas décadas com a Quarta Revolução Industrial ou também conhecida como Revolução 4.0, sendo cada vez mais, algo presente no nosso dia a dia.


Porém não é o mesmo uma máquina automatizada do que uma máquina inteligente, a definição usada por primeira vez por John Mc Carthy em 1956, estabelece então a primeira divisão, pois uma máquina inteligente seria aquela dotada de capacidade cognitiva, o que posteriormente daria lugar as redes neuronais artificiais que usam o perceptrón como célula base da mesma forma que o neurônio é o princípio básico da cognição humana e dos processos químicos que ocorrem no nosso encéfalo.


Havendo então uma classificação conforme a capacidade de cada sistema construído artificialmente, que separam a inteligência artificial em sistemas de aprendizagem ou sistemas de organização base de reações:


- Sistemas que pensam como humanos baseados em redes neuronais.

- Sistemas que atuam como humanos e que tratam de emular o comportamento.

- Sistemas que pensam racionalmente, fazendo uso da lógica para a tomada de decisões simulando o pensamento humano.

- Sistemas que atual racionalmente e que emulam o comportamento e ações.


Temida ainda por grande parte do público, porém amplamente presente em tarefas do quotidiano, a Inteligência Artificial sofre com as construções sociais derivadas da própria imaginação humana, tais como as produções cinematográficas, onde o Apocalipse tecnológico é tema recorrente. Porém ignoramos suas aplicações no campo preditivo, na elaboração de previsões climatológicas, gestão de incidências, atendimento ao público, sistemas de correção, comércio eletrônico, diagnóstico clínico, engenharia de precisão, segurança e defesa...e pouco a pouco em análises de conjuntura globais.


A inteligência artificial assim como as demais tecnologias em desenvolvimento inerentes da Revolução 4.0 possui o potencial de alterar as relações clássicas de trabalho e produção e até mesmo o equilíbrio entre as nações, sendo este um fator chave na balança de poder internacional, já que o país que dominar a maior quantidade de conhecimento tecnológico, será também o maior responsável em fornecer essa tecnologia, obtendo um velho ingrediente do cenário internacional que todos conhecemos, o Poder.


A capacidade de implementar novas tecnologias já é um diferenciador no sistema internacional, motivo pelo qual países de pequenas dimensões más grande potencial tecnológico tais como Singapura, Coreia do Sul, Israel, Holanda, etc. São capazes de rivalizar com grandes potências. Assim mesmo, problemas clássicos tais como a falta de mão de obra, centralização política, desequilíbrios demográficos, entre outros... são facilmente superados através do uso da tecnologia, a digitalização das atividades humanas e a virtualização das mesmas através dos projetos de metaverso estão aos poucos eliminando as últimas barreiras, uma empresa pode ter um escritório virtual com colaboradores de diferentes partes do planeta além de contar com a inteligência artificial na execução de seus projetos.


Uma nova corrida internacional está em pleno processo e da mesma forma que a Revolução Industrial possuí a capacidade de redesenhar a balança de poder e se ampliarmos um pouco mais o horizonte, tecnologias como a Inteligência Artificial poderá ser um diferencial na expansão espacial da humanidade, tendo a Lua e Marte como futuro destinos, já que a mesma oferece a possibilidade inédita da terraformação (converter o ambiente desses dois corpos celestes em algo parecido ao da terra) e consequentemente ter acesso aos recursos que lá existem.


Porém se deixarmos de um lado essa visão mais utópica, podemos ver seu reflexo no próprio ambiente local, pois a Inteligência Artificial pode redesenhar as relações humanas, a distribuição dos recursos e sua utilização, assim mesmo pode abrir novos horizontes em formas clássicas de poder e percepção, e na otimização dos recursos. Sem embargo ainda existem muitas nações presas em seus ideais neoliberais de metade do século XX e que são contrárias ao incremento do investimento público em áreas de pesquisa, educação e inovação, esquecendo que caso a mesma se concentre somente no setor privado a mesma estará desde um principio em mãos de um grupo de multinacionais ligadas a um grupo seleto de nações.


Sendo assim, aos países não lhe restam uma outra alternativa que participar dessa corrida, já seja pelo seu impacto no cenário produtivo ou tendo em consideração o uso político de algumas ferramentas de inteligência artificial, capazes de influenciar os sistemas de poder e sua composição, as fake News e as Deep Fake News e o softpower promovido a partir das redes sociais de alcance global são apenas a ponta desse iceberg informativo ou desinformativo.


No intuito de preparar sua população países da Europa, Estados Unidos e Ásia, já começam a incluir disciplinas tais como Big Data, AI ou gestão de dados, em cursos historicamente tradicionais, tais como pedagogia, direito e até mesmo Relações Internacionais.


Por outro lado, parece cada vez mais flagrante a atuação de grandes nações na deturpação das informações que circulam em outros países, fazendo com que um lado do planeta esteja discutindo a aplicação de carros e veículos autônomos e outro esteja simplesmente discutindo se a terra é redonda...


A relação entre IDH, investimentos destinados a I+D+I e P&G é sem dúvidas algo percebível, assim como a concentração cada vez mais dos países em dois times... Os inovadores e futuristas... versus os conservadores e atrasados... Basta agora pensar em qual nação queremos para nós e nossas futuras gerações...




Wesley Sá Teles Guerra

PHd Candidate em Sociologia e Mudanças da Sociedade Contemporânea, Mestre em Políticas Sociais e Migrações, Mestre em Gestão e planejamento de Cidades Inteligentes, Especialista Pós-Graduado em Relações Internacionais e Ciências Políticas, especialista em Inteligência Artificial para Empresas. Professor de Paradiplomacia na ENFRI-Escola Nacional de Formação em Relações Internacionais, autor do livro Cadernos de Paradiplomacia, Paradiplomacy Reviews e do estudo Brasil Galicia. Fundador do Think tank CERES – Centro de Estudos das Relações Internacionais do Brasil. https://wesleysateles.com

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